Comunicar e (não) dizer.

Às vezes fico pensando sobre a distância que há entre as palavras e o real.

A palavra falada, escrita, enfim, a palavra, pode mesmo parecer uma teia lançada de uma extremidade a outra de um abismo com a missão de cobri-lo, desejando encurtar distâncias, ligar mundos. Mas, mesmo a mais calculada e pensada das palavras, na melhor situação, com o melhor ouvinte, parece carecer daquela força que tornaria clara a passagem do pensamento à coisa.

Seria o discurso, pensando sobre o fato do discurso ser mais do que apenas palavras, um curso tão solto e vivo assim que saísse de nós, perderíamos sobre ele o controle que queríamos.

Sou falante e sei o que quis dizer, mas nunca vou saber o que os outros entenderam do que eu disse…

Pensar… sempre!

Poucas atividades são tão revolucionárias como a de pensar. É claro que logo alguém pode se insurgir contra isso, e tem todo o direito, mas veja que mesmo o desacordo, sé é verdadeiro, nasce de um pensamento.
Penso, por exemplo, que a ação, para ser ação mesmo, deve ser pensada, meditada e não simplesmente o escape do voluntarismo. Pensar é revolucionário por vários motivos e, agora, podemos refletir sobre alguns deles.

1.Pensar num mundo sem espaço para tal pode nos dar uma visão distinta da realidade. Num momento em que percebemos que há poucos espaços para promover o pensamento livre e crítico, para o debate aberto e franco, o simples exercício dessa realidade pode nos ajudar a pôr em cheque as posições cristalizadas e tentar ver a realidade com outros olhos.
2. Pensar pode ser uma aventura de conhecimento interior, justamento quando somos tão apelados ao exterior e à vida barulhenta das grandes cidades. Essa viagem interior, uma das mais difíceis que um ser humano pode fazer favorece a descoberta de um novo relacionamento conosco mesmo, vendo onde estamos, como chegamos a ser quem somos e para onde queremos ir. Ora, uma viagem aos próprios pensamentos e sonhos pode favorecer descobertas maravilhosas.
3. Pensar é um desafio pessoal. Nem sempre é fácil e simples e, mesmo assim é apaixonante, porque as coisas mais belas da vida nem sempre são fáceis e simples. Ocorre que pensar honestamente a realidade e a nós mesmos que nos inserimos nela é uma exigência muito dura e desafiadora porque somos convidados a lermos não apenas livros e livros para nos compreendermos melhor, mas lermos continuamente a nós mesmos para compreendermos a nós e aos livros que lemos.
4. Aprender a pensar e pensar o aprender. É verdade que pensar é um verbo sem fim e que aprendemos a pensar quando dedicamos tempo para isso. Mas, cuidado, não adianta ficar embaixo de uma árvore pensando que o resultado não sai. Nós pensamos quando pensamos os pensamentos dos outros. Ler, então, é o melhor exercício para iniciar o pensar.
5. Ler os clássicos é a melhor aula para pensar. Basta dizer para ler e a pergunta vem: o que ler? A resposta é: leia aqueles autores e autoras que atravessaram gerações, os clássicos, porque eles nos ensinam a pensar com a sua exigência. Transponha-se para o momento em que eles pensaram o que escreveram e imagine-se ouvindo o que trataram. Ler é uma excelente forma de ampliar, aprofundar, pensamentos.

Daniel Lins

Dica de estudo: espaço apropriado

Olhos_da_coruja

Estudar não pode ser feito de qualquer modo e em qualquer lugar. Há diferentes modos de se ler um texto e de acordo com o texto e do objetivo da leitura o lugar pode variar muito. Assim, se você está com uma leitura relaxante, pode usar a poltrona, o andar de um lado para o outro, pode ficar mais livre para ler e até “viajar” na leitura. Um estudo mais detido exige mais atenção ao texto, ao encadeamento das palavras e, para tanto, exige também um lugar especial, com um clima especial. Dizemos que o estudo progride por causa da metodologia e há razão nisso, mas metodologia quer dizer estudo do método, que por sua vez quer dizer caminho.

Bem dizia o poeta que “caminho se faz ao se caminhar” e podemos pensar também que cada um deve desenvolver seu caminho. Mas, no desenvolvimento do próprio caminho, imagine o quanto podemos aprender com a experiência dos outros.

Gosto de pensar a seguinte metáfora: eu não pude ouvir as aulas de Platão, nem as de Aristóteles. Não ouvi os sermões de Agostinho, nem os de Tomás de Aquino. Não pude discutir com Descartes, nem ouvir as aulas de Kant ou Hegel. No entanto, quando entro em contato com um texto produzido por um desses homens posso voltar no tempo e pensar hoje o que eles pensaram há muitos séculos. Ocorre que a simples distância no tempo vai me exigir muito para que a compreensão do texto possa ocorrer e sendo assim, a minha disposição, o interesse, o fato de fazer problema ao texto e mesmo o lugar onde vou ler me dispõem a compreender melhor ou não.

Ora, se ocorre de estar em um ônibus lendo o Mito da Caverna, terei uma compreensão mas essa será muito mais frágil se posso dispor de um local mais aprazível.

De certa forma, estudar exige não só uma disposição interna para a reflexão, mas também externa.

Pense nisso…

Prof. Me. Daniel Lins

Dica de Estudo : ler, ler e ler.

Dica de Estudo

Prof. Daniel Lins

Estudar não apenas por causa dos compromissos do presente como a faculdade ou o colégio, nem apenas por causa do futuro – conseguir uma boa profissionalização. Esses motivos são costumeiramente apresentados, mas podemos pensar mais algum? Bom, nos próximos dias tentarei apresentar dicas não só para aprendermos mais, mas também para aprendermos com alegria e realização. Além dos motivos dados para os estudos, podemos pensar em estudar para nos realizarmos.

Qual a primeira dica?

1. Leia o máximo possível e leia de forma variada. Descanse de uma leitura com outra e comente o que você tem lido. Pergunte às pessoas o que elas estão lendo e busque mais e mais experiências de leitura. A leitura é uma fonte maravilhosa de aprendizagem, de lazer, de como ampliar seu vocabulário e também de como desenvolver seu pensamento.Crie metas de leituras, desafie a si mesmo, estabeleça campos e desenvolva o hábito de ler e ler cada vez mais, com áreas diferentes. Leia, leia e leia.

Abraços e até a próxima,

Daniel Lins

Pensando…com humor

EXIGÊNCIAS DA VIDA MODERNA

Crônica de Luiz Fernando Verissimo.

Dizem que todos os dias você deve comer uma maçã por causa do ferro. E uma banana pelo potássio. E também uma laranja pela vitamina C. Mais uma xícara de chá verde sem açúcar para prevenir a diabetes. Todos os dias deve-se tomar ao menos dois litros de água. E uriná-los, o que consome o dobro do tempo. Todos os dias deve-se tomar leite fermentado pelos lactobacilos vivos (que ninguém sabe bem o que é, mas que aos bilhões, ajudam a digestão). Cada dia uma Aspirina previne infarto. Uma taça de vinho tinto também. Uma de vinho branco estabiliza o sistema nervoso. Um copo de cerveja para… não lembro bem para o que, mas faz bem. O benefício adicional é que se você tomar tudo isso ao mesmo tempo e tiver um derrame, nem vai perceber.

Todos os dias deve-se comer fibra. Muita, muitíssima fibra. Fibra suficiente para fazer um pulôver. Você deve fazer entre quatro e seis refeições leves diariamente. Uma a cada três horas. E nunca se esqueça de mastigar pelo menos cem vezes cada garfada. Só para comer, serão cerca de cinco horas do dia. E não esqueça de escovar os dentes depois de comer. Ou seja, você tem que escovar os dentes depois da maçã, da banana, da laranja, das seis refeições e enquanto tiver dentes, passar fio dental, massagear a gengiva, escovar a língua e bochechar com enxaguante bucal. Melhor, inclusive, ampliar o banheiro e aproveitar para colocar um equipamento de som, porque entre a água, a fibra e os dentes, você vai passar ali várias horas por dia.

Há que se dormir oito horas por noite e trabalhar outras oito por dia, mais as cinco comendo são vinte e uma. Sobram três, desde que você não pegue trânsito. As estatísticas comprovam que assistimos três horas de TV por dia. Menos você, porque todos os dias você vai caminhar ao menos meia hora (por experiência própria, após quinze minutos dê meia volta e comece a voltar, ou a meia hora vira uma). E você deve cuidar das amizades, porque são como uma planta: devem ser regadas diariamente, o que me faz pensar em quem vai cuidar delas quando eu estiver viajando. Deve-se estar bem informado também, lendo dois ou três jornais por dia para comparar as informações. Ah! E o sexo! Deve-se fazer todos os dias, tomando o cuidado de não se cair na rotina. Há que ser criativo, inovador para renovar a sedução. Isso leva tempo – e nem estou falando de sexo tântrico. Também precisa sobrar tempo para varrer, passar, lavar roupa, pratos e espero que você não tenha um bichinho de estimação. Na minha conta são pelo menos 29 horas por dia.

A única solução que me ocorre é fazer várias dessas coisas ao mesmo tempo. Por exemplo, tomar banho frio com a boca aberta, assim você toma água e escova os dentes. Chame os amigos junto com os seus pais. Beba o vinho, coma a maçã e a banana junto com a sua mulher… na sua cama. Ainda bem que somos crescidinhos, senão ainda teria um Danoninho e se sobrarem 5 minutos, uma colherada de leite de magnésio. Agora tenho que ir. É o meio do dia, e depois da cerveja, do vinho e da maçã, tenho que ir ao banheiro. E já que vou, levo um jornal.

Como ler um texto de filosofia?

Amigos,

Como sou professor de filosofia, tenho encontrado cada vez mais essa pergunta em sala de aula e confesso que é uma questão importante.

Essa pergunta nasce por várias motivações que não poderemos desenvolver, como a dificuldade em realizar uma boa leitura, não importando ainda de qual texto se trate, ou ainda nasce da dificuldade própria que se encontra em textos mais especializados, como os de filosofia, no caso.

Minha intenção nesta postagem não é desenvolver uma reflexão sobre essa questão, mas levantar dicas que podem auxiliar. Essas dicas não tem uma autoria determinada porque fui aprendendo com amigos, professores e professores amigos (rs). Então, fique à vontade para ampliar a lista e comentar.

Dica 01: Leia superficialmente todo o texto, para ter uma ideia geral do problema, da exposição e da posição do autor.

Dica 02: Nunca leia uma só vez. Há um ditado em filosofia que diz: não compreendemos um texto na primeira leitura. Portanto, leia várias e várias vezes.

Dica 03: Não desista, o texto tem algo para você. É fato que muitos textos de filosofia são árduos e de difícil compreensão, mas não tenha receio. Pense naquele ditado grego que diz:”As coisas belas são as mais difíceis.” Tudo bem, se isso não ajuda, pensa na dica 04.

Dica 04: Amplie sua visão. Textos filosóficos nem sempre trazem referências concretas sobre o contexto histórico ou social no qual foram escritos, ou mesmo relação a um debate que ele esteja travando, portanto uma boa dica é pesquisa o contexto, o autor e com que questões ele debate.

Dica 05: Crie o seu caminho. Com muita frequência os alunos pensam que metodologia é um engessamento por causa das regras de citação e etc., mas o objetivo da metodologia é ampliar o seu conhecimento em determinada área. Ora, se não conseguimos por um método (caminho), tentemos outro.

Dica 06: Como andar de bicicleta, ou dançar ciranda. A leitura de textos filosóficos começa árida, difícil. Isso é difícil mudar, mas depois das primeiras pedaladas e depois que adquirimos confiança, podemos desenvolver uma compreensão mais ampla e , acredite, prazerosa na leitura.

Agora, qual a sua dica?

Até mais,

Prof. Daniel Lins